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Extração de pedras em Andaraí (Chapada Diamantina)

Descrição das técnicas de extração e preparo das pedras, e das ferramentas empregadas para tanto, em Andaraí, na Chapada Diamantina, atividade originalmente relacionada ao ciclo do garimpo na região.

Dados do Verbete

Categoria:

Sub-categoria:

Autor:

Data da última atualização do verbete:

Técnicas e Ofícios

Extração

Daniel Juracy Mellado Paz
10 de junho de 2024

Detalhamento

Nome do material a ser extraído, da técnica e suas variações populares

Extração de Pedra; quebrador de pedra; canteiro

Município(s)

Andaraí

Se não for a cidade sede do município, indique aqui o distrito ou subdistrito ou se é área rural

Distrito de Igatu

Localidade (se aplicável):

Aspectos históricos, sociais, econômicos, culturais e geográficos relacionados

Inserção e/ou impacto na paisagem e no meio ambiente e relação com elementos do entorno

O território da Chapada Diamantina onde foi explorado o diamante ainda possui inúmeras estruturas em pedra que são testemunha do labor humano na cata do diamante. Todas essas obras de engenharia e arquitetura, fundamentais na modelagem da paisagem da região, até o momento não foi estudada.

Área, escala e natureza do empreendimento (familiar, comunitária, comercial, individual)

Comercial.

Técnica e variações

O primeiro passo é identificar uma área de terra que contenha a matéria-prima, jazidas de rocha, que deve ser compatível com a utilização que quer se dar à pedra. Após a identificação da matéria-prima, vem a extração e o corte da pedra. Com a identificação dos veios da pedra, abrem-se furos com a ponteira, na direção e tamanho do bloco de pedra que se deseja obter. Os pixotes são postos nos furos abertos, primeiro em buraco maior que ele. Os pixotes são de tamanhos diferentes, e colocados em função da largura dos furos obtidos, sempre no intuito de obter o encaixe mais justo. Com a marreta, os pixotes são pressionados, até a ruptura do bloco. Quanto mais dura a pedra, mais fácil ela se rompe no sentido desejado. A quebra não pode ser feita já no tamanho final desejado. Outra habilidade, adquirida com a experiência dos anos, está em obter o corte mais retilíneo possível da pedra por meio da talhadeira.

Maquinário e/ou ferramentas

As ferramentas do trabalho são confeccionadas pelos próprios garimpeiros, constituindo-se em um conjunto particular de técnicas, que fogem ao escopo deste campo específico. As ferramentas empregadas são: a ponteira, que serve para abrir os furos na pedra; o pixote, que parte os blocos de pedra ao ser pressionado nos furos abertos pela ponteira; a marreta, que pressiona os pixotes; a alavanca, para deslocar a pedra; e a talhadeira, que serve para cortar a mesma. Todos são instrumentos em ferro, confeccionados pelos próprios garimpeiros. No processo, são empregados três tipos de martelos, para cada atividade: um para bater na ponteira (a primeira etapa); a marreta ou marrão para botar e bater nos pixotes; e o de bater na talhadeira.

Construções acessórias

Em pedreiras da região se constróem “tocas”/ “locas”, de pedra seca, para alojamento dos trabalhadores, cozinha e depósito.

Utensílios, mobiliário

O conhecimento de preparar e moldar o ferro para produzir as ferramentas é parte crucial na formação de que trabalha com o corte da pedra. Tem que dominar todo o processo e as propriedades do material, para que sejam produzidas ferramentas de acordo com as necessidades. O processo de preparo é chamado pelos mestres de “trempa” (provável corruptela de “têmpera”), e discernem o que chamam de “aço de água” do “aço de óleo”. O aço “mais ríspido” é temperado no óleo, que seria uma “trempa mais macia”. O ferro que “tem mais aço” é temperado na água, para poder ganhar resistência e penetrar na rocha. O marrão, por exemplo, é temperado na água, assim que o fogo o tiver avermelhado, mas sem mergulhar por inteiro na água: uma parte fica na água, e a outra parte recebe a água de uma vasilha; do contrário, todo imerso na água, estoura no encaixe com a madeira. No processo, emprega-se um fole de couro, também fabricado pelos mestres artífices. O ferro que se utiliza na fabricação da ferramenta é mola de grandes veículos, adquirida geralmente em Feira de Santana, das mais variadas fontes (ônibus, caminhões e trem). A mola é cortada a meia-lua e obtém um ponteiro de 22 cm. A mola é levada ao fogo e se usa a talhadeira para bater e se coloca depois na agua. Em seguida retorna ao fogo e se retira quando está totalmente vermelha, em brasa. Em seguida é colocada em cima de uma bigornam, obnde se escolhe o melhor lado para ser a cabeça, e depois se corta a ponta. O ponteiro assim produzido dura cerca de 3 meses. A parte de madeira das ferramentas também é feita pelos mestres. O Mestre Dilson Portugal Neiva, chamado Mestre Fausto, indicou como a melhor madeira a quina. As ferramentas são todas guardadas em caixotes.

Espaço e técnicas de armazenamento do produto

Usos e significados dos espaços e elementos arquitetônicos

Sem dados a respeito.

Sem dados a respeito.

Como se deram e como estão se dando as formas de aprendizado e a transmissão do ofício:

Sem dados a respeito.

Comercialização e consumo do produto e sua abrangência territorial

A pedra extraída serve principalmente para alvenaria e pisos, daí ser comercializado para varias regiões do Estado da Bahia, inclusive para Salvador, com público comprador formado por pessoas físicas, jurídicas e setor publico.

Riscos potenciais e efetivos da atividade

Sem dados a respeito.

Possíveis ameaças à continuidade da produção

Sem dados a respeito.

Existe algum tipo de acautelamento, como patrimônio cultural material, imaterial ou natural relacionados a este verbete?

Sem dados a respeito.

Referências

Não foram submetidas referências.
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